sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Taís Araújo: 'Tenho síndrome de princesa'

Grávida do primeiro filho e às vésperas de estrear 'Amores, Perdas e meus Vestidos' no Rio, a atriz fala de trabalho, de racismo e que adora ser mulher



Taís Araújo encerrou o ano de 2010 com alguns dias de descanso em Salvador, cidade natal do marido, o ator Lázaro Ramos. Por lá, o casal festejou com a família e amigos a recém-anunciada gravidez da atriz, que a fará desligar-se do elenco da novela Cordel Encantado, próxima novela das seis da TV Globo.
A gestação, contudo, não será de descanso. Ao contrário, neste início de 2011, o ritmo de trabalho é intenso. Taís se prepara para estrear nesta sexta, no Rio de Janeiro, a peça Amores, Perdas e meus Vestidos - sucesso off-Broadway de Norah Ephron, a roteirista de Harry and Sally, Feitos um para o Outro, sucesso do final dos anos 1980, e outras comédias românticas, como Sintonia do Amor e Mensagem para Você. O texto foi adaptado por Adriana Falcão, e se apropria de histórias reais de mulheres, em relatos que surgem a partir das lembranças que elas têm de suas roupas. A versão brasileira ainda tem no elenco as atrizes Arlete Sales, Carolina Ferraz e Ivone Hoffman.
Taís, que raramente faz teatro, está animada com o projeto. Assistiu ao espetáculo em junho, em Nova York, e empolgou-se. “Saí do teatro com a sensação de que era exatamente sobre isso que eu queria falar. Tentar passar para as pessoas como é bom ser mulher.” Nesta entrevista ao site de VEJA, a atriz fala da peça, de sua experiência como a Helena de Viver a Vida - quando recebeu muitas críticas -, de preconceito racial e da esperança de que seu filho cresça em um mundo mais equilibrado e justo.

Você faz o estilo 'mulherzinha'?
Muito! Tenho síndrome de princesa. Adoro vestidos, saltos, bolsas, joias. Sou muito mulherzinha, mas também sou bem ‘machinho” quando é preciso.
Qual é a diferença entre Amores, Perdas e meus Vestidos e tantas outras peças que exploram o universo feminino?
Marilyn Monroe disse uma vez: "Sou mulher e gosto disso". Esse é o espírito do espetáculo. Somos mulheres e gostamos disso. A reação da plateia durante a turnê brasileira comprovou uma expectativa nossa: as mulheres se identificam e os homens saem de lá com uma compreensão maior sobre as suas companheiras.
Que situações da peça você considera particularmente comoventes ou engraçadas?
Tem uma mulher (interpretada pela Arlete Salles) que odeia bolsa e conta, de uma maneira hilária, toda a sua jornada para encontrar a bolsa ideal. A mais comovente (também interpretada pela Arlete) é a de uma mulher que conta como conseguiu lidar com um cancêr de mama aos 27 anos. Nesse caso, ela fala como passou a se relacionar com o sutiã após a cirurgia de reconstrução. É uma história real, sobre um drama real, mas contada com leveza e otimismo.
Você foi muito criticada como protagonista da novela Viver a Vida. Como avalia essa experiência?Eu não tenho dúvida de que Viver a Vida foi a novela em que eu mais aprendi. Nunca tinha lidado com críticas e foi um grande e importante aprendizado. Pode-se dizer que a Helena do Manoel Carlos é uma personagem clássica da teledramaturgia brasileira e, pra mim, é uma honra fazer parte do seleto grupo de atrizes a quem ele confiou essa personagem.
Na época da novela, comentou-se bastante o fato de haver, enfim, uma Helena negra. Sempre que pode, você fala sobre o racismo no Brasil. Já sofreu algum tipo de preconceito?Essa pergunta em si já mostra o quanto ainda há preconceito. O fato de ser negra era totalmente irrelevante no caso da Helena. Ela era uma mulher jovem, no auge do sucesso profissional, que abriu mão da carreira em nome do casamento. A questão racial nunca esteve em pauta. Rotulá-la como ‘a primeira Helena negra’ é em si uma atitude preconceituosa. Eu sofro preconceito. Qualquer negro, neste país, sofre preconceito. Talvez o fato de ser conhecida amenize. Você não vê muitas atrizes negras em capas de revistas, por exemplo. Mas fico feliz e orgulhosa em saber que, de certa forma, contribuo para que essas barreiras sejam quebradas e que o meu filho cresça num mundo menos preconceituoso.
Muito se fala do papel do 'novo homem' para uma 'nova mulher' e vice-versa. Quem são, para você, esses homens e essas mulheres?
Acho que os homens se assustaram com a mulher independente e competitiva. E nós, mulheres, paramos para pensar que não queremos ser homens, e sim mulheres com todos os nossos desejos e anseios profissionais. Mas queremos ter nossos filhos, nossos maridos, cuidar das nossas casas, assim como nossas mães e avós faziam. Acredito que, depois de muito desencontro, vamos encontrar um equilíbrio.  Nós - homens e mulheres.

Fonte: VEJA

Um comentário:

  1. Obrigado por postar essa entrevista, nos a amamos aqui em Nova York Cidade, e nao pode esperar para ver seu bebe, e ouvi-la, finalmente falar Ingles.

    ResponderExcluir