A verdade sobre ser mãe
A atriz Taís Araújo faz uma reflexão sobre as surpresas da maternidade, do momento em que soube estar grávida até o nascimento de João Vicente, hoje com 7 meses
Um dia de 2010, não lembro qual, olhei um dos meus pratos favoritos e meu estômago embrulhou. Decidi fazer o exame de gravidez, sem grandes esperanças. Quando estava no ensaio do espetáculo Amores, Perdas e Meus Vestidos, que estrearia na semana seguinte, a curiosidade tomou conta de mim. No primeiro intervalo, liguei para o laboratório e perguntei qual era o resultado. Do outro lado da linha, a atendente me falou um número que não me disse muita coisa. Fiz uma pausa e questionei o que significava. “Positivo”, respondeu.
De repente, o mundo parou de girar por alguns segundos. Eu já era mãe, havia uma criança sendo gerada, outro coração batendo dentro de mim. Tudo passou pela minha cabeça: estava grávida fazia quanto tempo? O que havia comido de porcaria durante esse período de gravidez que eu ignorava? E as caipirinhas e os vinhos? Meu Deus, estavam indo para o meu filho? Pensava se seria uma criança saudável e em como eu reagiria se não fosse. Culpa, muita culpa. Passado o primeiro susto, fui saber o tempo de gestação. Mais um susto: oito semanas! Culpa, mais culpa por não ter notado antes. Nunca entendi como algumas mulheres podiam não saber da gravidez delas e, veja só, acabei passando pela mesma situação. Eu tinha tirado o DIU e minha menstruação havia ficado muito irregular.
Vocês podem se perguntar se não fiquei feliz com a notícia. Claro que sim! Era a mulher mais realizada do mundo, tudo o que eu queria era um filho. Estava casada havia sete anos e desejava muito construir uma família. A insegurança era saber se conseguiria dar conta, se seria uma boa mãe. Pedi tanto, rezei, fiz promessa, mas, quando a gravidez se concretizou, fiquei na dúvida se era mesmo capaz de criar uma criança.
Cada ultrassonografia era um desespero; as primeiras então... como estava a saúde do meu filho? Depois do quinto mês, os exames passaram a ser bem mais agradáveis. Minha vontade era ter um aparelho em casa para ver o bebê diariamente. Um amor imenso foi tomando conta de mim, o que me trouxe a certeza de que eu receberia meu filho da maneira que ele viesse.
Mas o que me esperava após o nascimento? Isso, sim, me tirava o sono. Aliás, mentira – não tirava o sono porque eu dormia, dormia que chegava a ficar com vergonha! Ia jantar com amigos e, às 9 da noite, a conversa começava a não me interessar; eu bocejava, pedia licença e ia dormir. Era um sacrifício trabalhar. Dormir era meu único desejo durante a gravidez.
Todas as teorias que eu tinha sobre gestação saudável e criação de filhos, e olha que eram muitas, se desmancharam como um castelo de areia. Porque eu aprendia no dia a dia, tentando resolver os problemas conforme eles apareciam. Acho que foi a melhor opção. Agora, por que ninguém me falou que grávidas têm medo de tudo, que isso é natural? Passei a vida ouvindo maravilhas sobre a maternidade, então comecei a achar que o problema era comigo, que eu era exageradamente nervosa e preocupada. Nunca tive receio de passar noites em claro, de trocar fraldas ou educar. O trabalho não me amedrontava nem me intimidava, quanto a isso estava firme, forte e preparada. O medo era do desconhecido.
Aos sete meses, fui visitar a maternidade. No que entrei no prédio, minha perna ficou bamba e meus olhos se encheram de lágrimas. Temor de quê? Do parto. Sonhava com o parto normal – será que conseguiria? Sentiria muita dor? Eu tinha muitas dúvidas. Conversei com minha médica e com minha irmã, que também é ginecologista e obstetra. As duas me explicaram tudo e pediram para eu pensar com calma. Cheguei à conclusão de que o parto ideal seria o que me deixasse mais calma para receber meu João Vicente da melhor maneira.
No dia 18 de junho de 2011, meu filho veio ao mundo por cesariana. Foi o dia mais lindo e emocionante da minha vida. Olhar para aquele rostinho e sentir seu coração batendo, agora fora do meu corpo, foi uma explosão de felicidade. Na madrugada após o nascimento, acordei, olhei para o lado e vi meu bebê e meu marido dormindo. Fechei os olhos, agradeci a Deus e pedi para nos proteger. Em seguida, comecei a sentir “medo do desconhecido” e percebi que ele vai me acompanhar para sempre. Essa é a verdade sobre ser mãe. Porque ter um filho é aprender a lidar com o novo e com nossas inseguranças diariamente. Vivo preocupada e com um sorriso de satisfação. O que fazer com esse amor que eu não conhecia e que aumenta a cada dia? Não sei, mas a vida há de me ensinar.
Fonte: Claudia
Que isso véi, pireeeeeeei *-*
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